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No Sumário de Touros Girolando 2022 foi apresentada a avaliação dos touros para Tolerância ao Estresse Térmico. Para a realização desse trabalho foram considerados dados coletados pelo Controle Leiteiro Oficial do Girolando entre os anos de 2000 a 2020. Cada controle leiteiro foi considerado como uma observação e a ele foi associada a informação do ITU no dia do controle, constituindo uma base de dados com mais de 650 mil controles leiteiros, de mais de 69 mil vacas e com aproximadamente 21 mil animais genotipados.
A informação do ITU foi obtida por meio de estações meteorológicas públicas próximas aos rebanhos. Análises preliminares identificaram que as informações de temperatura e umidade aferidas no dia do controle são as principais causas de variação da produção de leite. A partir dessa constatação científica, também foi possível identificar o limiar de conforto térmico para as composições raciais e quantificar as perdas de produção de leite.
O limite de conforto térmico identificado para animais 7/8H foi ITU 77, para animais 3/4H o limite foi ITU 78, enquanto que para animais 1/4H, 1/2H e 5/8H o limite de conforto térmico foi ITU 80.
A Figura 1 ilustra os limites de conforto térmico de cada uma das composições raciais e traduz os valores de ITU para temperatura e umidade relativa do ar. Na mesma imagem, consta para comparação, o limite de conforto térmico identificado na raça Holandesa (ITU 74), utilizando a mesma metodologia.
FIGURA 1 – Limites de conforto térmico para diferentes composições raciais
Ainda na Figura 1 é possível observar a superioridade dos animais Girolando para tolerância ao estresse térmico. A diferença pode chegar a 10ºC quando comparamos os limites extremos de tolerância ao calor. Essa diferença é extremamente significativa quando se trata de sistemas de produção a pasto, pois animais Girolando toleram temperaturas mais altas e umidades mais baixas, quando comparados à raça Holandesa. A composição racial 5/8H merece destaque especial, pois lidera, juntamente com animais 1/2H e 1/4H, a tolerância ao estresse térmico.
Quando comparamos as curvas médias de produção de leite de animais Girolando em conforto, em relação aos animais em estresse térmico, foi possível quantificar perdas médias de produção de leite superiores a 1.000kg de leite, considerando uma lactação de 305 dias. Em casos extremos, as perdas produtivas superaram os 2.000kg de leite por lactação. Valores muito expressivos e que demonstram que uma vaca, em uma única lactação, pode deixar de produzir até 34%. Animais mais produtivos tendem a sofrer mais com as variações de temperatura e umidade.
Por meio da avaliação genômica foi possível obter a GPTA (PTA genômica) dos touros para cada combinação de ITU. Após analisar a trajetória das GPTAs de cada touro, os animais foram classificados conforme categorais de sensibilidade ambiental: sensível + (touros cujas filhas reduzem a produção em ambientes mais quentes ou mais úmidos); sensível – (touros cujas filhas aumentam a produção em ambientes mais quentes ou mais úmidos); robusto (touros cujas filhas mantêm produções estáveis, independente da combinação de temperatura e umidade).
Na prática, essa informação servirá como ferramenta auxiliar na seleção dos animais e possibilitará o uso de um genótipo mais adequado para as diferentes regiões do Brasil. Isso significa que a escolha dos touros deve continuar sendo feita com base na produção de leite e demais características de interesse, utilizando a informação de tolerância ao estresse térmico como critério suplementar para a tomada de decisão de seleção.
Em propriedades cujo estresse térmico não é um problema, os produtores podem utilizar o sêmen de qualquer touro que consta no sumário (robusto, sensível + ou sensível –). Em situações onde o estresse térmico é decorrente das altas temperaturas e/ou umidade, é recomendado o uso de touros classificados como robusto e sensível -. Nos sistemas de produção em que as baixas temperaturas e/ou umidade são prejudiciais, deve ser priorizado o uso de animais robusto e sensível +. Em locais cuja oscilação de temperatura e/ou umidade alcança os extremos ao longo do ano, é aconselhado o uso de animais classificados como robusto.
Autores do artigo: Renata Negri, Darlene Daltro, Sabrina Kluska, Pamela Itajara Otto, Edivaldo Ferreira Junior, João Cláudio do Carmo Panetto, Marcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva,
*Artigo completo pode ser conferido na revista Girolando. Clique aqui para acessar